segunda-feira, 7 de maio de 2007

Afinal, CMI é jornalismo?

Inicio meu comentário por uma pergunta: o que é jornalismo?
No Wikipédia, “jornalismo é atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar e publicar informações sobre eventos atuais”.
Pode-se dizer, então, que jornalismo seria um mecanismo social que funcionaria como árbitro (ou mediador) entre os acontecimentos do dia-a-dia e os leitores (ou telespectadores, ouvintes, internautas), que teriam desses acontecimentos uma interpretação, um entendimento, a partir do que é divulgado na mídia. Estes fatos seriam uma representação da verdade, na medida em que estabeleceriam um vínculo entre a palavra (escrita ou falada) e as coisas. É bom ressaltar que o fato jornalístico se tornaria assim um produto da intervenção do jornalista no mundo.

Assim, tenho algumas ressalvas a respeito do CMI. Eu acredito que o jornalista, no seu dia-a-dia, deve tentar se aproximar da verdade dos fatos, com objetividade e postura ética. Pode parecer utopia, mas penso que quando há um trabalho jornalístico competente, poderemos ter uma descrição correta dos fatos. Acredito, também, que faz parte das premissas de um jornalismo ético, que o profissional deve publicar informações cuja origem conhece ou, senão, apresentar estas informações com as reservas necessárias; não suprimir informações essenciais; não alterar textos, nem documentos; e ter a coragem de dizer “errei” e corrigir a informação, quando for o caso. São estas premissas que oferecem credibilidade e confiabilidade a uma notícia. Isto é, em minha opinião, a narrativa jornalística.

Sempre pensei no texto jornalístico como uma narrativa limpa, precisa, interessante e que cumprisse o seu papel de informar. O jornalista tem que fazer perguntas e buscar as respostas em fontes sérias e confiáveis. O jornalista tem que ter acesso a diversos documentos e, neste ponto, a Internet é uma aliada muito forte, pois permite o resgate da memória num tempo mais curto. Uma notícia tem que apresentar uma espinha dorsal que possibilite outras percepções, eventos paralelos, encadeamentos. Ou seja, o jornalista deve ter claro qual é a leitura principal da notícia (política, social, econômica, religiosa etc.) e partir daí para apurar outros desdobramentos possíveis. Mais uma vez o novo ambiente (digital) é favorável a isto.

Ou seja, não basta colocar na Internet textos. Textos estes que não podem ser comprovados, confirmados ou contestados, pois não se sabe nem mesmo quem os redigiu (e a partir do que se originou o fato). Estes textos podem até se tornarem narrativas (ou metanarrativas), mais poderão ser considerados jornalismo?

"Mas, o que há, enfim, de tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente?"( Michel Foucault)

2 comentários:

Cleusa Vieira disse...

CMI é jornalismo. Penso não só no interagente construindo um produto de qualidade, sendo "supervisionado" por um editor. Acredito que o jornalimo mudou e estamos mudando com ele. A "notícia" deve ter regras ou não, mas o principal é que o público interaja. O que cabe ao novo "jornalismo" é a credibilidade da notícia e como o sujeito pode ou não construir um texto a partir de uma narrativa eficiente.

JOÃO RENATO disse...

O CMI se pretende diferente, mas não foge muito do esquema de jornalismo colaborativo. Apesar de não existir a censura, o filtro de notícias existe e é atuante e eficiente, dentro da sua proposta de mostrar o lado que a imprensa comercial, ou mainstream, não mostra.