
Marcelo Tas faz do cotidiano o pano de fundo para sua análise. A partir de um evento em destaque na mídia ou mesmo situações que contrastam com ela, ele constrói seus textos recheados com críticas ora ácidas, ora bem humoradas, mas sempre muito engajadas.

Tas é diretor, apresentador e roteirista de TV. Participou da criação de alguns programas inovadores na televisão brasileira. Entre eles: "Rá-Tim-Bum", "Castelo Rá-Tim-Bum" e "Vitrine" na TV Cultura de São Paulo e "Programa Legal", na TV Globo. Também é um dos membros fundadores da produtora independente "Olhar Eletrônico", pioneira na renovação da linguagem televisiva dos anos 80 - onde ele dirigiu e interpretou o repórter ficcional "Ernesto Varela". Esse breve currículo demonstra bem o perfil do nosso escolhido para análise: talvez ele seja dos poucos que não apenas bebe da mídia - ele também sabe cuspi-la! Ernesto Varela era o anti-repórter que fazia as perguntas improváveis da maneira mais convencional. Foi uma caricatura do que se fazia no começo dos 80 para o telejornal. Ele ergueu o discurso de Varela desconstruindo o discurso do repórter. Um dos primeiros a fazer crítica de mídia e, a partir disso, buscar projetos onde o novo fosse elemento fundamental. Os programas citados confirmam a busca por uma narrativa que seja simultaneamente casada com a mídia convencional, flertando sempre com a vanguarda.




Esse discurso do homem comum que transita pelo erudito está presente também no blog dele. Tas se abastece de situações corriqueiras e busca sempre o olhar diferenciado. Invariavelmente faz sua análise diante do patético ou daquilo que nos incomoda. Como bom blogueiro, é um provocador. Navega pelo universo cultural, especialmente na galáxia da paulicéia, visitando tendências. O non sense visita o circo, que encontra um deboche, para viver no kistch. Marcelo Tas faz piada, mas não quer ser humorista. Ele quer provocar uma reação em seus leitores-internautas. O discurso nos convida para uma reflexão. Inserido no universo da internet, ele não perde a chance de critica-lo. Em um dos textos postados, ele ataca "A palavra mágica da nova era é 'digital'. Se você ainda não sabe o que é, não dê vexame: finja que sabe! Provavelmente, nem sua namorada ou seu amigo mais ligado saberão. A excitação com as recentes novidades tecnológicas é tão grande que, rapidamente, todos se solidarizam na ignorância para não perder o trem-bala da História. É fácil participar. Basta pegar uma palavra velha qualquer, colocar 'digital' ao lado e pronto. Com 'digital' ao lado, qualquer expressão ganha credibilidade, admiração e rigor científico. Olha só: som digital, controle remoto digital, binóculo digital, livro digital, cabelo digital, esparadrapo digital..."

Tas parece desdenhar, mas está apenas cutucando a ciberonça com o mouse curto. Assim ele conta uma história em busca não apenas da atenção, mas do comprometimento: ou você concorda com o que ele diz ou muito pelo contrário, mas nunca fique indiferente. Este é o grande desafio de quem sabe que seu visitante tem o mundo inteiro a apenas um clique de distância. Por que ficar ali, por que essa figura deveria se render ao que esse um está escrevendo? Tas transforma narrativa em arma para render o internauta. Se isso funciona ou não, é outra questão.
EQUIPE BLOG DOS FAMOSOS
2 comentários:
adoro o blog do Tas!
Vou fingir que sei o que é mídia digital e tecer um web-comentário.
Assim, com cyberpalavras e net-raciocínios, esta resposta parece mais elaborada do que seria sem o suporte digital.
Postar um comentário