segunda-feira, 14 de maio de 2007

Jornalismo colaborativo

Achei interessante para nossas discussões sobre o que é jornalismo colaborativo os seguintes trechos de uma entrevista com Ana Maria Brambilla:
Jornalismo Participativo (ou Colaborativo, ou Open Source, ou Cidadão, ainda são sinônimos para mim) como um modelo de produção de conteúdo editorial (não apenas notícias) que tem por base a elaboração da mensagem pelo público leigo. É um modelo horizontal de produção, fortemente inspirado nas comunidades de desenvolvedores de software livre ou de código-fonte aberto (open source). Mídia ou um jornalismo cidadão - É um veículo, on-line ou não, cujo conteúdo seja produzido por pessoas sem formação jornalística, mas editado por jornalistas profissionais. É, sobretudo, um veículo aberto, um espaço de conversação, onde o caráter de comunidade é muito forte. É quando a produção da notícia ou de qualquer outro conteúdo editorial deixa de ser exclusividade do jornalista e passa a ser partilhado com qualquer pessoa que tenha algum conhecimento sobre aquilo que está dizendo.
Blog é ferramenta. Assim, pode ser aplicada para inúmeras finalidades. Um blog pode ser de ficção (contos, crônicas, poesias), de manifesto, de opinião ou mesmo jornalístico. Tudo vai depender do teor da mensagem dos posts. E esse teor é definido por quem está por trás do blog e pelo trabalho que foi feito até que a mensagem fosse produzida. Por exemplo, se uma pauta foi apurada, pessoas foram entrevistadas e o texto final foi publicado em um blog, ok, esse blog é jornalístico. É só a ponta final de onde vai ser veiculada a informação: tanto faz se for TV, blog, jornal, rádio, revista... O que acontece é uma grande confusão entre pessoas que não têm formação jornalística e escrevem, sozinhas, seus próprios blogs, percorrendo caminhos semelhantes à técnica de reportagem. Nesses casos, tendo a desconsiderar essas páginas como jornalísticas. Elas trazem informação, certo, que podem, sim, serem dignas de confiança. Mas se não há um jornalista ao menos gerenciando esse processo, não acredito que possamos chamar esses blogs de "jornalísticos".
Jornalistas são mais importantes do que nunca! Imagine que esse "mundo interconectado" está saturado de informação e de pessoas querendo produzir mais e mais informações. O caos pode ser inevitável. Vejo o jornalista como o profissional com conhecimentos técnicos e intelectuais suficientes para organizar esse ambiente super saturado. Ao mesmo tempo, esse olhar mais especializado tem de ser capaz de estimular a produção de informações onde rende mais. Se o jornalista percebe que um internauta tem conhecimento sobre um assunto e não está se manifestando, é dever dele chamá-lo para a produção de conteúdo.
(Extraído de www.pontoeletronico.fumec.br Ana Maria Brambilla é jornalista, mestre em comunicação. Nascida em Porto Alegre, dedica-se a pesquisas em mídias digitais e jornalismo colaborativo. É editora assistente de Internet da Editora Abril, em São Paulo e colaboradora do noticiário sul-coreano).

Um comentário:

Fabi disse...

As nossas discussões sobre o que é jornalismo colaborativo realmente estão muito interessantes. Fora as contribuições do pessoal com os textos.

Porém gostaria de deixar uma observação: a discussão não era sobre o que era ou não jornalismo colaborativo em seu conceito puro, e sim sobre a construção de uma narrativa colaborativa. O assunto era NARRATIVA, não podemos perder este foco. Fora que não podemos nos prender em colaborativo= como ato de colaboração.

Fabiana Almeida